Olhar com a comunidade, olhar pela comunidade, olhar da comunidade, olhar para a comunidade – as dimensões sine qua non para efectivo desenvolvimento comunitário colaborativo baseado no protagonismo comunitário
Para Santos (2002) o desenvolvimento local ou comunitário é o esforço para melhorar as condições de vida de uma população que habita um determinado local, ou seja, a comunidade e o seu espaço geográfico, cultural, econômico. Nisto a intervenção comunitária é tida como um processo fino e desafiante ( tem também seu qb de desgastante). Efectivamente servir a comunidade visando o seu desenvolvimento exige 4 olhos e olhares (ou mais...).
Não se pode servir a comunidade com olho vesgo (besgu) ou apenas bidimensional. Isto pode levar a tentação de servir se da comunidade e afastar irreversivelmente o sentido de servir a comunidade princípio de ‘servidor-primeiro’ (Greanleaf, anos70) que o demonstra ao garantir que no servir as prioridades do outro (neste caso, da comunidade) estão sendo atendidas. A pergunta portanto pertinente é: aqueles que são servidos crescem como pessoas? Enquanto são servidos, eles se tornam mais saudáveis, mais sábios, mais livres, mais autônomos, mais propensos a tornarem-se, eles próprios, servidores?”. Esta mesma liderança foi proposta por Mandela – liderança servidora.E estamos ok que liderar é servir. O serviço que olha comunidade a 4 dimensões é provavelmente o serviço que mais chances apresenta de garantir o empoderamento, a emancipação e o necessário protagonismo comunitário que leva ao almejado desenvolvimento comunitário –Pessoas, relações abertas e CONFIANÇA. Vale questionar se Safende tem sido banhado por este princípio – Se os moradores tem sido adequadamente envolvidos para auto determinação comunitária (sim autodeterminação!!). A ordem comunitária demanda que aqueles que servem a comunidade quer actores públicos ou privados devem aprender e desejar que a comunidade seja autónoma e não eternamente dependente deles. A triste figura da comunidade beneficiária da acção / favor não tem lugar hoje (EmSafendeNao!). Que a comunidade, os moradores sejam os reais actores da transformação comunitária e não meras figuras para embelezar discursos (gastos) e manter status fora da realidade e, em boa verdade, inaceitável.
Já defendia Mendonça ”A comunidade é a materialização concreta das lutas e resistências levadas a cabo pelos moradores”. Leve o tempo que levar a comunidade pelas mãos dos moradores conquistará o seu lugar próprio no xadrez do desenvolvimento comunitário. Não pode haver mais interessado que o próprio interessado – a comunidade e a sua gente! E Safende será melhor pois os Safendenses possuem capacidades, vontades e recursos humanos bastante capazes! Nu podi sim ser Dono Nos Destinu! Kredu ou não, Nu ta ser Donu Nos Destinu na Safende Di Nós, bairro amado!
Dino Gonçalves