quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O reforço do poder das instituições intermediárias: Uma aposta necessária


A minha relação com a Associação Solidária Para o Desenvolvimento de Safende (ASDS) inicio-se com um simples telefonema do Bernardino num sábado de manhã (há dois anos, se a memoria não me falha) a convidar os nossos alunos para uma partida de futebol e convívio com os jovens do Bairro de Safende.
Aceitei de imediato o desafio pelo simples facto de também trabalhar com uma comunidade carente de actividades de lazer, de formação e sobretudo de partilha de experiencias com jovens de referência de outras comunidades.
Tenho defendido que os problemas sociais que a nossa cidade enfrenta actualmente só serão debelados se houver um forte empoderamento das instituições intermediárias entre o poder político e as comunidades (ONG’s, Centros de Juventude, Delegações Municipais, Escolas Básicas e Secundárias, Associações Comunitárias, etc.).
Estas instituições intermediárias devem assumir com paixão e motivação um conjunto de desafios que tradicionalmente (e até legalmente) não lhe são atribuídas porque a situação actual exige um esforço extra de todos.
Parabenizo a ASDS pelo trabalho que tem desenvolvido porque acredito que as nossas periferias precisam de mais equipamentos sociais, mais serviços e sobretudo de mais presença de elementos que simbolizam o Estado e a autoridade, pois são estes sinais que dignificam uma comunidade, aumenta a auto-estima e o sentido de pertença dos seus moradores.
É minha convicção de que Achada Grande (bairro onde trabalho desde de 2006 até presente data) seria um bairro muito mais aprazível e acolhedor se tivesse um balcão da Electra e da Cv-telecom para os pessoas pagarem as suas contas de electricidade, telefone e água; Uma casa de direito, um cartório/registo civil, uma delegação do INPS, etc., para as pessoas poderem ter acesso, na própria comunidade, a um conjunto de instrumentos facilitadores do exercício dos seus direitos e deveres.
Até que considero que Achada Grande é um bairro que tem tido muitos ganhos nos últimos cinco anos. Podemos destacar o Centro Multi-usos (onde também funciona um jardim infantil e a Delegação Municipal), a Escola Secundária, a nova placa desportiva, a agência do banco Inter-atlântico (convém referir que há 1 um ano atrás não havia acesso ao serviço multi-banco em Achada Grande), estradas asfaltadas, etc., mas ainda muito está por fazer.
Associada a estas melhorias em termos de infra-estruturas Achada Grande tem também conseguido implementar uma interessante agenda sócio-cultural fruto do trabalho desenvolvido pela Associação Djunta Mon Pa Txada Grandi (ADMTG), do Grupo Carnavalesco Sem Vergonha, o Festival Euro, a Festa de São João Baptista e um conjunto de acções de formação financiadas pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional.
Falo com particular orgulho da experiencia recente de Achada Grande porque é a realidade que melhor conheço, mas tenho acompanhado (á distancia) o trabalho meritório que Associação Comunitária de Achada Mato tem desenvolvido com grande apoio da Citi-habitat e tenho uma particular admiração pelos Jovens do Inter-vila por nunca terem”abandonado” Vila-nova, pela linda Casa de Cultura que abriram recentemente e por todos os anos nos surpreenderem sempre com belos e agradáveis desfiles de carnaval na Avenida Cidade Lisboa.
Poderia ter citado muitos outros exemplos positivos que estão acontecendo um pouco por todos os bairros da nossa cidade. Sinto que há um movimento (meio silencioso) de cidadania local muito forte que vem crescendo dia após dia. Portando, Safende e a ASDS não estão sozinhos nesta luta.
Vladmir Silves Ferreira