domingo, 23 de dezembro de 2012

JUVENTUDE AFRICANA CONTRA DITADORES VITALÍCIOS


Os jovens líderes e potenciais líderes africanos, provenientes de 30 países, encontraram-se em Maputo na 1ª Conferência Africana da Juventude, genuína diga-se de passagem, pois a iniciativa não decorreu da vontade dos governos ou das agências internacionais mas emanou da própria juventude. Dai também o tema escolhido para a conferência, que foi organizada pelo Parlamento Juvenil Moçambicano, e não colhe muita simpatia de muitos governos africanos atuais, pois infestados de vícios e tiques antidemocráticos e pouca cultura de prestação de contas que manifestam. E o tema da conferência foi “Democracia e Boa Governação em Africa”.

Os antigos presidentes de Moçambique e Cabo Verde, respetivamente, Joaquim Chissano e Pedro Pires, foram convidados para a conferência, tendo em comum terem sido ambos distinguidos pelo Prémio Mo Ibraim.

Para o anfitrião, Salomão Muchanga, presidente do Parlamento Juvenil Moçambicano, “esta conferência serviu para fertilizar a consciência da juventude africana e para remover os seus obstáculos mentais em relação à democracia e boa governação” e, ainda, para “ajudar os jovens a lutar pela recuperação do sonho africano e pelos seus direitos”. Muchanga remata que “ o grande problema do nosso continente é a justiça social”.

Os jovens presentes na conferência defenderam que a África não tem lugar mais para ditaduras e arrogâncias vitalícias, a pobreza e um péssimo sistema educativo que, entre outros, não valoriza o africanidade e denunciam que alguns dos antigos combatentes andam a desbaratar os recursos naturais do continente sem melhoria visível das condições de vida dos africanos. Por isso, consideram ser absolutamente necessário que eles - os jovens - criem uma rutura com os males que assolam o continente.

No final da conferência os jovens acordaram um documento final, a Carta de Compromisso, que consideram um documento aberto e em construção, que será entregue e disseminado nas mais diversas instâncias organizativas em Africa, com responsabilidade no setor juvenil, desde governos, agências de desenvolvimento e associações comunitárias de bairro.

Cabo Verde esteve representado no evento por Bernardino Gonçalves, da comunidade de Sant’Egídio, do bairro de Safende.