sábado, 8 de junho de 2013

Nha paroquia e di periferia…nha paroco sta bem mora ku nos



“Nha gentis e di fe, si- Nca rasa misa kuze ki Nta fazi?”
Tcheka

A liderança é sempre aconselhável e necessária, não teria Cristo dito “Tu és Pedro”. Se não está um estaria outro; sempre estará alguém a liderar. No nosso caso concreto, a palavra mais indicada é “servir”, sim, servir. O tempo Pascal é tempo de renovação e esperança e a Páscoa de 2013 foi especial, pois Deus nos deu o Papa, o servo Francisco. É o bispo da Igreja de Roma que “preside na caridade as demais” dioceses. E o homem vem despertando consciências, sobretudo pelos gestos simples, talvez simples demais para um mundo “que se acha”!

Aqui na Praia, no Domingo de Ramos, 24 de Março passado, o Pe. João Augusto, pároco de Nossa Senhora da Graça, anunciava que a Capelania de Sagrado Coração de Jesus, com sede em Vila Nova, seria elevada a categoria de paróquia no dia 07 de Junho de 2013, juntando assim às demais paróquias na Cidade da Praia, Nossa senhora da Graça, Nossa Senhora do Socorro, Imaculada Conceição, e São Paulo Apostolo.

Terá o Papa Francisco precipitado / inspirado a decisão de nos transformar em paróquia já? Não sei, mas o recado já estava dado. “A Igreja é chamada a sair de si mesma e ir para as periferias”, refere o manuscrito do agora Papa partilhado com Ortega, Cardeal Cubano por ocasião das congregações gerais.
E a nossa paróquia terá sua sede na periferia, na Praia norte, pois a Igreja é chamada a “sair” ao encontro dos outros para levar a luz e a alegria da fé. Mas como sair? Sair sempre, com o amor e a ternura de Deus, no respeito e na paciência.

O que é original é o facto de o Papa frisar bem este aspecto “ir às periferias” através das suas palavras, que até agora dirigiu ao mundo e à Igreja, à Igreja de Roma em particular, e também através da sua postura física, do seu comportamento como pessoa junto dos outros. Francisco, o original de Assis, após ter beijado o leproso, figura ultra- excluída no princípio do primeiro milénio, por força da descrição que vem no livro do Êxodo, saiu com um estonteante “o que era amargo tornou se doce”. Na linguagem de hoje, street hoje já não causa tanto estigma, tanta repulsa. As madames e monsieurs de lado lá  gossi teni língua afinado tambe!

E o nosso Pároco virá morar connosco. Morar na street mas pensamento de palácio? Não! Mais do que isso! Sentir com a gente, como Jesus que ao ver a multidão “sentiu compaixão” pois eram como ovelhas sem pastor. Streetando, para ficar e significar claro que nu tem prakenha, nu tem ki ten! O papa Francisco exortou “cheirar a ovelhas!”

É que na street a interacção é mas previsível…o humanismo ainda é mais presente. Desafiamo-nos ser comunidade! Aqui também temos direito a uma vida boa, que não é necessariamente uma boa vida. E a bondade de coração se apresenta como o caminho a percorrer! Nu vive manos!

Na street, as palavras proferidas pelo Francisco, o Papa,  no  Instituto Penal para os Menores de Casal del Marmo, “também vocês, ajudem-se, ajudem-se sempre. Um ao outro. E assim, nos ajudando mutuamente, faremos o bem" parece directamente a nós dirigidas. Pois encontramo-nos não poucas vezes, em nossas prisões. As que nos impomos e as que nos impuseram e impõem, e ki nu ka reia dianti di-el!

Numa visita recente a uma paróquia romana o Santo Padre lembrou que “ a realidade completa entende-se melhor não a partir do centro, mas das periferias” em resposta a introdução da comunidade visitada que dizia que “periferia tem um sentido negativo mas também positivo”. Lembro tantas vezes que doutores vem a Safende e são lhes explicados coisas triviais a partir da observação e percebemos que atónitos balbuciam ya é sime, nhos tem razon!

E a nossa celebração-mor será a celebração dominical do dia 09 de Junho de 2013, no Sagrado Coração de Jesus, na VN, dizia os rappers na ghetto. E seremos livres, pois “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”! e teremos uma grande ajuda, porque “nos paroquia e di street e nos pároco sta bem mora ku nos! Tudu alguém ta sabi, si nhos ama cumpanhero, ya Jesus!”

Só tenho que desejar a paróquia Sagrado Coração de Jesus de Vila Nova, seus fiéis e seu pároco, vida longa!

Dino