"Uma das coisas mais lindas que aconteceu na minha passagem no Espaço Aberto Safende, foi receber o carinho e atenção dos meninos com quem trabalhei nas oficinas de Expressão Artística.
Crianças carregadas de histórias "lindissimas", com muita simbologia e a realidade daquilo que se passava em casa de cada uma delas, e no nosso Cabo Verde.
Percebê-las e oferecer a cada uma delas a atenção necessária, para que pudessem desenvolver os seus sentimentos mais intrínsecos, passava também por viver a história deles, na pele e aberta, voando muitos caminhos e lugares ao encontro da minha infância, ligando a experiência, a prática e a realidade que eu estava a viver.
O tempo, trouxe-me acima de tudo uma nova história para contar que começou em 0utubro 2011, a primeira vez que conheci os meninos do Espaço Aberto, num projeto promovido por Samira Pereira (Associação Simboa)
Seguindo a linha das necessidades que tinhamos na oficina eu levava todos os dias "MAÇAROCAS" di Midju para as oficinas. Elas auxiliavam o pincel, moldavam texturas, criavam teatro de fantoches, decoração, e musica. O milho e o seu poder tranformador deixava-me cada vez mais inquieta.
O espaço das oficinas resumiu-me num lugar alternativo, para cada um ser o que é e tornar-se naquilo que realmente queria ser. O tempo foi pouco, mas, muito gratificante.
Momento calmo e leve, associações positivas ao prazer de ser caboverdiana. Da cachupa rica a cachupa criativa nasce o Projeto Maçaroca.
Precisava cozinhar esta cachupa, porque senti que o tempo de formações que os meninos do espaço aberto tiveram não foi suficiente para conseguir todas as transformações sentidas depois do levantamento de necessidades.
Voltei para Cabo Verde no dia 24 de janeiro 2012 depois de os ter prometido que voltaria para os confortar.
A minha ida para Cabo Verde em 2012 foi algo rápido e consciente. Levava em minhas mãos um folheto que tinha tirado na Internet de um concurso que ia haver no espaço aberto "konkori pa paz". E foi isto que fiz, voltei para cumprir o prometido, e voltar a levar a paz, a liberdade de expressão, o calor humano, novos mundos e novas vivências para junto dos meus meninos.
Brincamos muito, saltamos de alegria, vivemos o verdadeiro prazer de sentir e ser criança. Rita estava connosco, e também queria devolver a paz na alma destes meninos.
Depois do “Safende ta Spressa” o nosso encontro não acabou, apesar da falta de possibilidades de dar seguimento ao projeto.
Os meninos começaram a nos seguir.
Ailton estava sempre presente em todas as oficinas que a tia Cindy fazia na Praia, “quase todas”.
Este movimento que começamos a provocar no coração de cada uma destas crianças começou a crescer muito. Ouve uma fase que já tinhamos até assistentes, orgulhosos, porque já sabiam as linguagens baseadas nas técnicas ativas e participativas e algumas atividades de relaxamento que faziamos nas oficinas.
Isto tudo, significou muito para mim. Muito mesmo.
Hoje, 6 meses depois de ter saido de Cabo Verde, fico impaciente cada vez que vejo uma notícia nas redes sociais. Muito aflita.
Por isso Iacopo, gostava que enviasses um abraço enorme no coração de cada um dos meninos do espaço aberto, dizer o quanto significam para mim.
Pedir-te me que me devolvas sempre uma resposta a esta mensagem para que possa saber se estão bem".
Abraço da tia Cindy :)
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