Dados preliminares da Organização Mundial de Meteorologia foram publicados nesta quarta-feira. Treze dos 14 anos mais quentes foram no século XXI.
A tendência continua: 2013 foi o sexto ano mais quente de sempre desde que há registos, de acordo com dados preliminares da Organização Mundial de Meteorologia (OMM) publicados nesta quarta-feira. As temperaturas médias à superfície dos oceanos e dos continentes estiveram 0,5 graus Celsius acima da média do período de referência de 1961 a 1990, e 0,03 graus acima da temperatura média da década passada, de 2001 a 2010.
“A temperatura global para 2013 é consistente com a tendência de aquecimento a longo termo”, diz Michel Jarraud, secretário-geral da OMM desde 2004, citado no comunicado da organização. “O ritmo do aquecimento não só é uniforme, como a tendência subjacente é inegável. Dadas as quantidades recordes de gases com efeito de estufa na nossa atmosfera, as temperaturas globais vão continuar a aumentar nas gerações que estão por vir.”
O registo moderno das temperaturas superficiais iniciou-se em 1850. Treze dos 14 anos mais quentes pertencem ao século XXI: no topo da lista estão os anos de 2010 e 2005, com uma temperatura média de 0,55 graus acima da média. Em terceiro lugar está 1998, um ano com um forte El Niño – o fenómeno oceânico em que as temperaturas das águas do Pacífico ficam anormalmente quentes, o que tem impacto em várias regiões do mundo, aumentando a temperatura média global.
O ano passado foi neutro em relação à temperatura do oceano Pacífico, não tendo ficado marcado nem pelo El Niño nem pela La Niña – o fenómeno oceânico oposto ao El Niño, em que a temperatura das águas cai. Ainda assim, 2013 empatou com 2007 em termos de temperatura e foi mais quente do que 2011 e 2012, dois anos marcados pela La Niña.
O mecanismo subjacente ao aquecimento global é relativamente simples. Quando se lançam quantidades enormes de gases com efeito de estufa para a atmosfera, como o dióxido de carbono ou o metano, parte da energia vinda do Sol que a Terra reflectia para o espaço passa a ser retida por estas moléculas. Este excesso de energia deixa o planeta em desequilíbrio, mas não se sabe exactamente quais as suas consequências: pode aquecer o ar, os oceanos, ou acelerar o derretimento das massas de gelo, como se tem assistido no Árctico ou na Gronelândia.
Essas incógnitas são exploradas no relatório preliminar (divulgado em Setembro passado) do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, uma organização que compila e analisa os vários estudos feitos sobre as alterações climáticas e lança cenários para o futuro sobre o que pode acontecer à Terra: menciona-se que os oceanos acumularam 90% da energia do sistema climático entre 1971 e 2010, evitando um aquecimento maior. A medição sistemática das temperaturas ajuda a registar esta evolução, apesar de haver muitas incógnitas, como o que se passa com as temperaturas no oceano profundo.
“A nossa acção – ou inacção – para restringir as emissões de dióxido de carbono e de outros gases que retêm o calor vai moldar o estado do nosso planeta para os nossos filhos, netos e bisnetos”, avisa Michel Jarraud.
Voltando a 2013, sabe-se que a Austrália viveu o seu ano recorde em termos de calor. Novembro e Dezembro foram meses especialmente quentes e, se só se tiver em conta a superfície dos continentes, 2013 foi o quarto ano mais quente de sempre, com 0,85 graus acima da média registada entre 1961 e 1990. A OMM está a preparar um relatório mais completo sobre o estado do clima em 2013 que será publicado em Março e terá detalhes sobre as temperaturas regionais, a chuva, as inundações, as secas, os ciclones tropicais, o comportamento das massas de gelo e o nível médio do mar.