domingo, 5 de julho de 2015

05 de Julho de 2015, 40 anos depois. “Não tenho (de ter) orgulho de ser Cabo Verdeano”


Numa conferência sobre liderança urbana, participava um jovem de um dos bairros da cintura da Praia centro. Ao abordar uma questão disse literalmente “eu não tenho orgulho de ser Caboverdeano”. As pessoas ficaram desconcertadas e se entre olhavam. O jovem irreverente continuou, “porque eu haveria de ter?”. Tempos depois numa conversa de esquina com um alguém com muitas responsabilidades no país, partilhei este episódio. Antes de escutar bem perguntou com autoridade “mas quem é que disse isto?”. Fitei o nos olhos e lancei que talvez antes de perguntar quem é que disse que tal questionarmos porque é que o jovem fez aquele desabafo. O que é que levaria um jovem a afirmar sem reservas que “não tem de ter orgulho do país” correndo risco de ser considerado anti país, anti patriótico e muitos outros anti! Terminámos a conversa cada um no seu, ele a considerar que não é legitimo, que não é possível em sã consciência alguém não ter orgulho de ser Cabo verdeano e eu a defender que mesmo que pareça ingratidão para o país que nos acolhe, que a pergunta adequada a ser feita é sempre no sentido de indagar o que o leva um jovem a dizer não ser orgulhoso de ser caboverdeano ao invés de perguntar quem é este jovem ou menos ainda achar que é dado adquirido um jovem, entre outros, originário de um bairro com claro abandono das autoridades local e central ,desempregado, que sofre mil injustiças claras e ocultas em Cabo verde ter orgulho automático do país.

Neste 05 de Julho, 40 anos depois, mais do que dia de festa é dia de reflectir porque é que nem todos tem orgulho hoje de ser caboverdeano.

Dino