sábado, 15 de agosto de 2020

"Um Cabo Verde novo se faz com novos Caboverdeanos" Dino Gonçalves


 Não acredito que uma pandemia teria o poder de per si mudar o mundo permanentemente. Acho que os seres humanos precisam de mais do que isso para laborar uma transformação mais sustentável e sustentada. Se olharmos para trás podemos ver que ciclicamente a humanidade se vê dentro de problema que porventura pensara se que jamais ia nos afectar novamente.  Aceito que a covid19 então seja uma oportunidade para adquirirmos novas posturas, eliminar umas e reforçar outras, pois, nem tudo estava mal. Outrossim os períodos difíceis são férteis também em possibilidades de reconstrução, de solidariedade social.

Cabo Verde tem a chance de ser um país pequeno e por isso pode, havendo determinação colectiva e boa liderança, fazer uma volta em menos tempo e recursos que se exigiria de outras nações ou países por exemplo de dimensões maiores ou mesmo com complexidades superiores.

Dizia alguém "Se modificarmos o homem, poderemos fazer a revolução; Só novos homens poderão criar um mundo novo". Portanto um Cabo Verde novo se faz com novos Caboverdeanos, significando então que o investimento adequado e para valer teria que ser nas pessoas, aliás, as pessoas são o essencial. E de novo temos a vantagem em Cabo Verde de termos e sermos uma estrutura etária predominantemente infanto juvenil, portanto possível de modificar com trabalho e capaz de energias e sacrifício exigíveis nesta situação.


O agir ágil ousando construir uma sociedade capaz de suportar a todos a viver com dignidade, criar solidariedade e redes comunitárias é uma utopia necessária e possível. E esta utopia basear-se-á inegavelmente sobre a unidade básica da sociedade que é a família.

Que decisões tomaria:

1.       Decidiria pelo real empoderamento das famílias para que não caiam nas armadilhas que a pobreza favorece, nomeadamente a adoção de valores e modelos de vida que não contribuem para o seu progresso, para a sua coesão interna e para o desenvolvimento da sociedade e do Estado.

2.       A aposta na educação informal em complemento com a educação formal para a formação dos jovens certamente é uma medida que todos tomariam e um amplo programa de mentoring e aproveitamento de quadros seniores preparados e aposentados para conservar e potenciar memória institucional e da comunidade;

3.       A educação financeira seria obrigatória desde o pré-escolar. Qualquer formação profissional teria a componente educação financeira. Os servidores públicos teriam capacitação em educação financeira para poderem exercer, bem como programas massivos e consistentes de reforço de atitudes e comportamentos que coadunam com a lógica da poupança, do investimento e do uso racional dos bens públicos;

4.       Fortalecimento de associações comunitárias como organizações mais próximas das pessoas e com a virtude de conciliar o informal na formalidade e que comprovadamente são o hospital mais próximo para as famílias e pessoas socialmente mais vulneráveis.

5.       Ninguém em condições de saúde e com robustez física terá algum benefício de estado sem contrapartida; serão exigidas contrapartidas desde em serviço comunitário até exigências de horas de frequência de pequenas capacitações para fortalecimento de habilidades individual.