Marlize Borges: Como surgiu a ideia de
estagiar na ACAS?
Eugénia Tilman: No início, em nome de ACAS
foi enviado um e-mail para a nossa coordenação de Ciências Sociais, à procura
de estagiários. Como já tinha conhecimento do e-mail da ACAS, interessei-me e
fiz uma leitura dos seus objetivos.
Sempre tinha vontade de trabalhar na
comunidade, sempre fiz trabalhos de voluntariado e trabalhar com as crianças.
MB: Como foi a sua experiência?
ET: Foi algo bem interessante, porque em relação à interação com os integrantes, as atividades realizadas e várias outras experiências foi incrível. Durante o estágio foi valorosíssimo porque correspondeu às expetativas do estágio, por outro lado as dinâmicas da “KazaDamizade” e a simpatia dos integrantes, isso é indispensável para se aprender ainda mais.
MB: O que mais gostou na ACAS?
ET: Em geral é a simpatia e a
simplicidade, embora Safende seja considerada uma zona periférica ou inferior.
Moro em Palmarejo, e houve circunstâncias
em que as pessoas me perguntaram onde estava a estagiar, e quando respondia que
era em Safende ficavam a questionar. Mas digo, foi incrível ter escolhido este
bairro para estagiar, e se alguém me perguntar repito que nunca me arrependi de
ter feito o meu estágio onde o fiz.
MB: Quis são as dificuldades encontradas durante o estágio?
ET: Não vi nenhuma dificuldade para
enfrentar que não tinha solução. A única dificuldade é em relação a escrever o
meu relatório devido a avaria no meu computador, e não consegui recuperar todos
os meus documentos, consequentemente não entreguei tudo a tempo. O meu maior
desconforto é se o meu orientador perder a confiança em mim e pensar que estou
a arranjar desculpas ou a enganá-lo.
MB: Quais são os pontos de melhoria?
ET: Uma grande fragilidade da ACAS é a comunicação, principalmente porque os integrantes sabem disso, mas não chegaram à conclusão de que forma apostar nela. Muitas vezes algo é publicado na página e os próprios integrantes não tiveram conhecimento do assunto. Contudo, os integrantes deveriam saber antecipadamente de tudo o que aconteceu ou está por acontecer na Associação.
MB: Qual é o tema escolhido para o seu
estágio técnico-científico?
ET: É o teatro como um instrumento da
inclusão, que é um projeto que está a ser desenvolvido dentro da ACAS.
MB: Como foi “ser de Timor Leste” e “estar em Safende”?
ET: Nunca senti nenhuma sensação de
estranheza por ser de outro país, pelo contrário é incrível a curiosidade que
as outras pessoas mostram em perguntar sobre o meu país, aqui senti me bem
acolhida. Quando estou em algum lugar gosto de ser inteira e sentir-me daquele
lugar. Às vezes as pessoas me perguntam de onde sou, brinco dizendo que sou do
Fogo e há alguns que até acreditam.
Estou cá em Cabo Verde, e mesmo que não
tenha nacionalidade, sinto-me cabo-verdiana.
MB: O que a tem motivado para que mesmo depois de concluir o tempo do estágio ainda continuar a frequentar a ACAS?
ET: Bem, é a paixão mesmo de trabalhar com
a comunidade, principalmente porque as experiências que ganhei durante o estágio
são algo que irei levar para a toda a vida.
Ainda sou jovem, quero aproveitar todas as
oportunidades que tenho, que gosto, e a ACAS está disponível para receber
voluntários, sei que com os jovens que frequentam esta associação ainda tenho
muito que aprender.