Imagine não ter, dia após dia, ano após
ano, um espaço próprio e não poder escolher com quem estar, o que comer e aonde
ir. Além disso, que ameaças e suspeitas estejam por toda parte, e que amor ou
mesmo um toque humano gentil sejam difíceis de encontrar. Imagine ainda estar
separado da família e dos amigos, de tudo.
António Barbosa, 28 anos, um artesão de
mãos mágicas e ideias maravilhosas. É assim que se apresenta o rapaz. Hoje
Joãozinho como é carinhosamente chamado carrega um sorriso tímido, mas, se o
tempo voltasse doze anos antes, a história seria bem diferente.
Se voltamos no tempo em vez do ambiente
salutar do trabalho, António estaria numa cela.
Com orgulho conta como aprendeu a criar arte, foi como um recluso que
arte entrou na sua vida. Para muitos a cadeia é o pior lugar do mundo,
entretanto para Joãozinho é uma universidade de vida, lugar onde se reencontrou
com Deus, onde entendeu que“ Deus escreve coisas certas por linhas tortas” e se
libertou consigo mesmo, porque a prisão foi uma salvação e uma terapia.
Nasceu assim, a arte feita pela mão de
Joãozinho, começou na Prisão. Onde aprendeu a confeccionar peças de artesanato,
como carteiras de senhora, bijuteria, entre outros artigos.
Para quem faz trabalhos artesanais investe tempo, criatividade e principalmente muito amor pelo que faz. António, sonha em cria todas as condições para um dia, mobilizar turistas para o bairro de Safende.
Por onde passa constrói fortes amizades.
Uma maturidade de quem já viveu uma vida inteira e no coração a bondade de uma
criança. Curioso, anda sempre a preocupar com o trabalho e com a satisfação dos
seus clientes. Defensor do ser humano, do respeito a família e
até dos animais. Anda de cabeça levantada e persiste pelo que quer. É
praticante um homem do bem, das boas ações, do voluntariado juvenil. É um jovem sonhador. Um homem vencedor.
Atualmente, Joãozinho é um dos melhores artesãos do bairro de Safende, olha com carinho para a sua história de sucesso.
Contudo, a mais de 6 anos percebeu que
tinha encontrado a sua vocação. Decidiu que, de alguma forma, a arte é uma
ótima forma de superar as dificuldades, tanto na vida como no mundo da arte,
porque foi a arte que o ajudou a praticar tolerância, paciência, superação e
exteriorizar o imaginário.
Eunice Marlize Borges