quinta-feira, 2 de abril de 2020

O percurso da vida desenrolada no Bairro Amado (Safende)


Há quatro décadas nasceu então o Óscar Rodrigues em Achadinha baixo e viveu toda a sua infância e adolescência em Safende,  António Óscar M.T. Rodrigues de nome completo é pai de cinco filhos quatro meninas e um rapaz. 
De criança que cuidava dos irmãos para um adolescente com elevada auto estima e com perspectiva de oferecer melhores condições  de vida a sua família, dali surge uma grande oportunidade -  Óscar consegue encontrar um trabalho digno que mudou a sua vida por completo.
Óscar que viveu e conviveu com safendenses considera ser um deles por saber e conhecer todos os cantos e (quase) toda a história de Safende, portanto resolveu contar nos um pouco daquilo que viveu e até hoje vive em Safende, começando por realçar que Safende antigamente via se somente as grandes árvores robustas, considerado uma floresta por muitos que naquele tempo vivia ali, principalmente pelo senhor Lula que adotou um estilo de vida muito parecida com os índios, com cabelos enormes, a sua "fundia" na cintura e que com o "lights" e os cães. Estava sempre atento o Sr Lula e algo considerado por ele um perigo, atirava com pedras que estava amarada ao seu "fundia" sustenta o Óscar que adianta que muitos sentiam medo, no entanto com as construções das casas o medo desapareceu pouco a pouco juntamente com a floresta e assim Safende começou a expandir.
¨Safende não apresentava riscos e falta de segurança que é uma questão que hoje em dia tanto se fala, pelo contrário, consideravam ser uma zona calma porque qualquer em qualquer uma das casas dormiam-se com as portas abertas, as pessoas iam assistir actividades nocturnas  e quem não tivesse dinheiro para regressar a casa, vinha a pés (literalmente) sem nenhum problema e sem nenhum perigo¨, conta o Óscar, acrescentando ainda que ¨actualmente falar de Safende é referir as conquistas de cada um dos safendenses¨.
Óscar como sendo um homem muito religioso, confessa que respeita muito as pessoas idosas e que através disso ainda toma Bênção a eles.¨ Tudo o que se ouve hoje é as pessoas a falarem da crise financeira, contudo penso que deveriam prestar mais atenção a crise de valores, de usos, de costumes que está a entrar em desuso¨, sustenta o Óscar e acrescenta que faz o mesmo com os filhos, colocando-os a orar todos as noites para manterem o habito e preservar os valores.
Óscar que hoje é manobrador de maquinas, já foi um dos membros do grupo "Aliança" grupo de jovens que crismaram que fez muito sucesso naquela altura em que a igreja não se encontrava totalmente pronta, então o senhor ¨Miguel de Idalina¨ cedeu o terreno para a construção da capela Santa Teresinha, dai adiante foi construída\ edificada a mesma  pedra por pedra, avança Óscar, com a ajuda das pessoas da comunidade para colocar um betão armado na capela.
Também como muitos, o Óscar prestou serviços nas Forcas Armadas no ano  1992 onde seguiu-se para o Moro Branco em São Vicente para lutar pela Pátria.
Segundo Óscar muitas pessoas consideravam Safende como Vila Nova, só que com o passar do tempo tudo se esclareceu. ¨Safende  actualmente encontra-se bem desenhada nomeadamente por safende baixo, riba, alto safende, fundo safende, no entanto, não deixa de ser safende, só se encontra dividido por várias vias¨ diz o mesmo.
¨Uma vez fui ao cartório fazer o bilhete de identificação, no momento tiveram uma dificuldade enorme em escrever o nome da minha zona devido ao desconhecimento total do mesmo, que por vezes era chamada de “staferna”e foi eu é quem o escrevi correctamente¨, salienta  Óscar.
Dando continuidade a história de Safende o Óscar relembra das nascentes que existiam dentro e ao redor da zona, a beira da casa do falecido Zé Lino havia uma fonte de água designada de ¨fontinho¨ onde a maioria das pessoas de Safende construíram as suas casas com esta água, mas havia muitas outras fontes, nomeadamente a fonte de falecido ¨Nho Bentura¨, fonte de ¨Nho Matxado¨, fonte de ¨Nho Antoninhu¨, fonte ¨Lula¨ e fonte ¨Nha Maria¨ que era uma galeria. Muitas mulheres inclusive a minha mãe saia de casa para apanhar água na cabeça por estas redondezas.
Óscar que foi criado na pobreza assegura que a Juventude de hoje vive como¨PONCIANA¨ justificando que  nasceram e encontram tudo dentro de casa ( como água potável, com energia eléctrica e entre outros), enquanto que ele divertia se a luz do luar onde acabou por dar o seu primeiro beijo.
Casa  Empa Monteiro que hoje ganha o nome/ apelido carinhoso de” Kaza di Amizadi” antigamente se encontrava abandonado e o seu nome surgiu justamente neste contexto, de ter uma grande casa considerada um armazém abandonada onde servia de lugar para se divertirem.
¨Cada vez que morre uma pessoa do bairro, perde-se uma referência de Safende, porque leva consigo a sua história", afirma o Óscar e reforça com um exemplo prático como as das parteiras caseiras que existiam e que com o passar do tempo faleceram no, entanto, não foram ocupados os cargos das mesmas.