Há quatro décadas nasceu então o Óscar Rodrigues em Achadinha baixo e viveu toda a sua
infância e adolescência em Safende, António Óscar M.T. Rodrigues de nome completo
é pai de cinco filhos quatro meninas e um rapaz.
De criança que cuidava dos irmãos para um adolescente com
elevada auto estima e com perspectiva de oferecer melhores condições de vida a sua família, dali surge uma grande
oportunidade - Óscar consegue encontrar um trabalho digno que mudou a sua
vida por completo.
Óscar que viveu e conviveu com safendenses considera ser
um deles por saber e conhecer todos os cantos e (quase) toda a história de Safende,
portanto resolveu contar nos um pouco daquilo que viveu e até hoje vive em Safende, começando por realçar que Safende antigamente via se somente as
grandes árvores robustas, considerado uma floresta por muitos que naquele tempo
vivia ali, principalmente pelo senhor Lula que adotou um estilo de vida muito
parecida com os índios, com cabelos enormes, a sua "fundia" na cintura e que com
o "lights" e os cães. Estava sempre atento o Sr Lula e algo
considerado por ele um perigo, atirava com pedras que estava amarada ao
seu "fundia" sustenta o Óscar que adianta que muitos sentiam medo, no entanto com as
construções das casas o medo desapareceu pouco a pouco juntamente com a
floresta e assim Safende começou a expandir.
¨Safende não apresentava riscos e falta de segurança que
é uma questão que hoje em dia tanto se fala, pelo contrário, consideravam ser
uma zona calma porque qualquer em qualquer uma das casas dormiam-se com as portas abertas, as
pessoas iam assistir actividades nocturnas e quem não tivesse dinheiro para regressar a
casa, vinha a pés (literalmente) sem nenhum problema e sem nenhum perigo¨,
conta o Óscar, acrescentando ainda que ¨actualmente falar de Safende é referir
as conquistas de cada um dos safendenses¨.
Óscar como sendo um homem muito religioso, confessa que
respeita muito as pessoas idosas e que através disso ainda toma Bênção a eles.¨
Tudo o que se ouve hoje é as pessoas a falarem da crise financeira, contudo
penso que deveriam prestar mais atenção a crise de valores, de usos, de
costumes que está a entrar em desuso¨, sustenta o Óscar e acrescenta que faz o
mesmo com os filhos, colocando-os a orar todos as noites para manterem o habito
e preservar os valores.
Óscar que hoje é manobrador de maquinas, já foi um dos
membros do grupo "Aliança" grupo de jovens que crismaram que fez muito sucesso naquela altura em
que a igreja não se encontrava totalmente pronta, então o senhor ¨Miguel de
Idalina¨ cedeu o terreno para a construção da capela Santa Teresinha, dai
adiante foi construída\ edificada a mesma pedra por pedra, avança Óscar, com a ajuda
das pessoas da comunidade para colocar
um betão armado na capela.
Também como muitos, o Óscar prestou serviços nas Forcas
Armadas no ano 1992 onde seguiu-se para
o Moro Branco em São Vicente para lutar pela Pátria.
Segundo Óscar muitas pessoas consideravam Safende como Vila
Nova, só que com o passar do tempo tudo se esclareceu. ¨Safende actualmente encontra-se bem desenhada
nomeadamente por safende baixo, riba, alto safende, fundo safende, no entanto,
não deixa de ser safende, só se encontra dividido por várias vias¨ diz o mesmo.
¨Uma vez fui ao cartório fazer o bilhete de identificação, no
momento tiveram uma dificuldade enorme em escrever o nome da minha zona devido
ao desconhecimento total do mesmo, que por vezes era chamada de “staferna”e foi
eu é quem o escrevi correctamente¨, salienta
Óscar.
Dando continuidade a história de Safende o Óscar relembra das
nascentes que existiam dentro e ao redor da zona, a beira da casa do falecido
Zé Lino havia uma fonte de água designada de ¨fontinho¨ onde a maioria das
pessoas de Safende construíram as suas casas com esta água, mas havia muitas
outras fontes, nomeadamente a fonte de falecido ¨Nho Bentura¨, fonte de ¨Nho
Matxado¨, fonte de ¨Nho Antoninhu¨, fonte ¨Lula¨ e fonte ¨Nha Maria¨ que era
uma galeria. Muitas mulheres inclusive a minha mãe saia de casa para apanhar água
na cabeça por estas redondezas.
Óscar que foi criado na pobreza assegura que a Juventude de
hoje vive como¨PONCIANA¨ justificando que
nasceram e encontram tudo dentro de casa ( como água potável, com
energia eléctrica e entre outros), enquanto que ele divertia se a luz do luar
onde acabou por dar o seu primeiro beijo.
Casa Empa Monteiro
que hoje ganha o nome/ apelido carinhoso de” Kaza di Amizadi” antigamente se
encontrava abandonado e o seu nome surgiu justamente neste contexto, de ter uma
grande casa considerada um armazém abandonada onde servia de lugar para se
divertirem.
¨Cada vez que morre uma pessoa do bairro, perde-se uma
referência de Safende, porque leva consigo a sua história", afirma o Óscar e
reforça com um exemplo prático como as das parteiras caseiras que existiam e
que com o passar do tempo faleceram no, entanto, não foram ocupados os cargos
das mesmas.