VIOLÊNCIA: NINGUÉM SAI ILESO. TODOS ESTAMOS AFECTADOS
A conversa
iniciou com um pai de família, membro da comunidade, que foi vítima e recordou
uma das piores noites passadas, na qual um grupo vandalizou várias casas e
ameaçou muita gente, com tiros pelo meio. Na altura, a revolta foi tanta que
ele apelou à autodefesa do tipo “cada homem uma arma”, seguindo a moda dos
próprios bandidos. Hoje, friamente, o mesmo respira de alívio por isso não ter
acontecido, pois seria uma asneira. Porém, sente uma grande tristeza e lamenta
porque nada mudou, desde aquela altura. Pelo contrário, afirmou “o medo
aumentou de tal forma, que a partir de certas horas, ninguém sair à rua. A
situação agravou-se”.
De seguida,
falou um jovem que viveu situações de violência no passado. Confessou que há
mais de seis anos não vinha ao bairro de Vila nova, por temer pela sua vida pois arranjou inimigos e não pode cruzar-se com eles. Muita coisa teve de
mudar. Deixou de estudar e sentiu-se obrigado a mudar a sua rota. O jovem
recordou que era um bom aluno, estudioso e com boas notas, mas com péssimo
comportamento. Gerou desavenças, inimizades. Foi suspenso das aulas, mas continuava
frequentando a escola. No entanto, alertou que da sua mãe recebeu uma boa
educação. E insistiu que foi na escola, longe dos olhares da sua mãe, que tudo
teria começado, sem que ela desse conta de nada, pois não tinha o hábito de lá ir
para saber das coisas…
Com o
passar do tempo, caiu em si, e tomou consciência dos seus erros e quer mudar de
vida. Para isso, tem de tomar novas atitudes. Evita os caminhos que podem
fazê-lo cruzar com antigos rivais, e reflecte sobre os actos cometidos
anteriormente. Mas o passado deixou marcas: “Eu sei que é difícil. Muitos não
acreditam. Quando alguns se cruzam comigo, provocam-me e ameaçam-me. Procuro não
responder. E eles pensam que é covardia”. Na sua opinião precisam reflectir
mais: “os jovens precisam ter um pouco mais de consciência. Porque Deus não
está no seu coração”.