segunda-feira, 16 de junho de 2014

VIOLÊNCIA URBANA 10 ANOS DO FENÓMENO: ESCUTANDO VÍTIMAS, AGRESSORES. RESPOSTAS E DESAFIOS PARA A SUA ERRADICAÇÃO. PARTE 3

SAÚDE: OS CUSTOS QUE NÃO SE MEDEM

No campo da saúde alguns custos são calculáveis, mas existem muitos que não se medem.
Umas das enfermeiras explicou em detalhes o elevado custo financeiro que o Estado paga por cada jovem vítima da violência. E exemplificou que no bloco operatório, por cada hora de internamento, o custo é de 13.000$00. E que se foram 7 ou mais dias, é um cálculo elevado. No entanto, lembrou, muitos desses jovens não trabalham e não têm como contribuir para estes gastos. Ou seja, explicou, tudo é pago pelos cidadãos, com os seus impostos. E informou também que, muitos deles, mesmo internados, provocam estragos, pois costuma reagir de forma agressiva, danificando equipamentos.

A outra enfermeira convidada, reafirmou a importância deste debate e apelou para que a Igreja continuasse a procurar formas de enfrentar o problema. E para que as pessoas tenham uma ideia, informou que, em média, na Praia, ocorrem 10 agressões por dia e cerca de 300 agressões por mês. Situação que considerou demasiado grave.

Segundo ela, “esses jovens não têm a noção do estrago que fazem a si mesmos, pois no futuro estarão inutilizados”. Para além disso, disse, os custos são de diversos tipos. Dino quis saber das enfermeiras, como é trabalhar na urgência do Hospital Agostinho Neto nas vésperas dos festivais e outras festas de romaria que agora abundam na cidade da Praia. Para as enfermeiras, tudo torna-se custoso e difícil. Nestes dias, tomam-se medidas preventivas de alerta geral, requisitam-se mais materiais como o oxigénio e vários técnicos são colocados em estado de alerta máximo, caso forem chamados. Embora estejam preparadas, vivem momentos de tensão, ansiedade e de uma certa angústia, pois não sabem o que pode acontecer…