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terça-feira, 20 de outubro de 2020

Publicado por SAFENDEONLINE | 16:24

A timorense Eugénia Tilman, de 22 anos, que fez o curso de Ciências Sociais na Universidade de Cabo Verde é a primeira jovem a concluir 300 horas de estágio curricular na “KazaDamizade” no amado bairro de Safende, cidade da Praia. A “KazaDamizade” é a sede da Associação Comunitária Amigos de Safende (ACAS) desde janeiro 2020, nascida por vontade dos moradores locais e aberta a todos os moradores do bairro de Safende e não só. Acompanhe a entrevista conduzida por Marlize Borges.

Marlize Borges: Como surgiu a ideia de estagiar na ACAS?

Eugénia Tilman: No início, em nome de ACAS foi enviado um e-mail para a nossa coordenação de Ciências Sociais, à procura de estagiários. Como já tinha conhecimento do e-mail da ACAS, interessei-me e fiz uma leitura dos seus objetivos.

Sempre tinha vontade de trabalhar na comunidade, sempre fiz trabalhos de voluntariado e trabalhar com as crianças.

 

MB: Como foi a sua experiência?

ET: Foi algo bem interessante, porque em relação à interação com os integrantes, as atividades realizadas e várias outras experiências foi incrível. Durante o estágio foi valorosíssimo porque correspondeu às expetativas do estágio, por outro lado as dinâmicas da “KazaDamizade” e a simpatia dos integrantes, isso é indispensável para se aprender ainda mais.

MB: O que mais gostou na ACAS?

ET: Em geral é a simpatia e a simplicidade, embora Safende seja considerada uma zona periférica ou inferior.

Moro em Palmarejo, e houve circunstâncias em que as pessoas me perguntaram onde estava a estagiar, e quando respondia que era em Safende ficavam a questionar. Mas digo, foi incrível ter escolhido este bairro para estagiar, e se alguém me perguntar repito que nunca me arrependi de ter feito o meu estágio onde o fiz.

 MB: Quis são as dificuldades encontradas durante o estágio?

ET: Não vi nenhuma dificuldade para enfrentar que não tinha solução. A única dificuldade é em relação a escrever o meu relatório devido a avaria no meu computador, e não consegui recuperar todos os meus documentos, consequentemente não entreguei tudo a tempo. O meu maior desconforto é se o meu orientador perder a confiança em mim e pensar que estou a arranjar desculpas ou a enganá-lo.


MB: Quais são os pontos de melhoria?

ET: Uma grande fragilidade da ACAS é a comunicação, principalmente porque os integrantes sabem disso, mas não chegaram à conclusão de que forma apostar nela. Muitas vezes algo é publicado na página e os próprios integrantes não tiveram conhecimento do assunto. Contudo, os integrantes deveriam saber antecipadamente de tudo o que aconteceu ou está por acontecer na Associação.


MB: Qual é o tema escolhido para o seu estágio técnico-científico?

ET: É o teatro como um instrumento da inclusão, que é um projeto que está a ser desenvolvido dentro da ACAS.

 MB: Como foi “ser de Timor Leste” e “estar em Safende”?

ET: Nunca senti nenhuma sensação de estranheza por ser de outro país, pelo contrário é incrível a curiosidade que as outras pessoas mostram em perguntar sobre o meu país, aqui senti me bem acolhida. Quando estou em algum lugar gosto de ser inteira e sentir-me daquele lugar. Às vezes as pessoas me perguntam de onde sou, brinco dizendo que sou do Fogo e há alguns que até acreditam.

Estou cá em Cabo Verde, e mesmo que não tenha nacionalidade, sinto-me cabo-verdiana.

MB: O que a tem motivado para que mesmo depois de concluir o tempo do estágio ainda continuar a frequentar a ACAS?

ET: Bem, é a paixão mesmo de trabalhar com a comunidade, principalmente porque as experiências que ganhei durante o estágio são algo que irei levar para a toda a vida.

Ainda sou jovem, quero aproveitar todas as oportunidades que tenho, que gosto, e a ACAS está disponível para receber voluntários, sei que com os jovens que frequentam esta associação ainda tenho muito que aprender.

 


EMarlize Borges