Como educar um cidadão se não se educa a pessoa? Se não se transmitem para
essa pessoa valores fundamentais como, por exemplo, o senso de justiça, de
respeito e de solidariedade?
As pessoas pedem justiça, mas não percebem que falta algo na justiça
quando ela não vem junto com a solidariedade, quando ela não é complementada e
animada, diríamos nós, pelo amor ao próximo, pela caridade”, afirmou o prelado,
acrescentando: “Quem educa na solidariedade? Onde? A escola pode tentar, sem
dúvida, e eu acho que, no sistema educativo católico, este é um dos objetivos
fundamentais. É um aspecto principal daquilo que podemos chamar de educação
para a vida social. A virtude social por excelência é a justiça, elevada e
completada pela solidariedade.
A escola pode fazer muito neste sentido, mas, antes que a criança
chegue à escola, a família é que é a grande educadora; é a família que deve
educar na solidariedade. Esta tarefa pressupõe uma família consolidada, uma
família estável. Hoje em dia, a situação é crítica em muitas famílias,
diminuindo a potencialidade educadora. Uma família que possa criar os filhos
dignamente e orientá-los nos valores fundamentais da vida; disso depende o
futuro da cidadania… Na família, os numerosos irmãos se educam entre si. A
família os educa, é claro, mas eles educam a si mesmos na solidariedade.
Há outros fatores educativos de
importância, entre eles o ambiente social, o clima social. Isso também é
fundamental. Quando vemos tantos exemplos de egoísmo, de enriquecimento
desmesurado, tantas diferenças econômicas e sociais que vão até se agravando em
vez de diminuir, tudo isso conspira contra uma educação na solidariedade.
Dom Héctor Aguer