O medo. Sempre
ele. O medo como regulador da nossa relação com os outros e com o mundo à nossa
volta. O medo do que não se conhece, não se compreende, não se consegue
enquadrar.
O medo como álibi
para implantar políticas como a que o Governo quer agora aprovar através de uma
proposta de lei que visa punir os autores de graffiti. Se a lei for aprovada,
quem quiser fazer um graffito, seja um qualquer arabesco ou um graffito
figurativo complexo, ou afixar simplesmente um cartaz na parede, terá de
solicitar previamente uma licença à respectiva câmara municipal, apresentando
também o projecto do que pretende desenhar.
Argumento para
esta proposta de lei: o sentimento de insegurança das populações que associarão
estas actividades à marginalidade. O argumento é velho. Quase todas as
expressões que emergiram sem veleidades artísticas e que brotaram nas ruas
conheceram o mesmo tipo de conflitos.