“Nha gentis e di fe, si- Nca rasa misa kuze ki Nta fazi?”
Tcheka
A liderança é
sempre aconselhável e necessária, não teria Cristo dito “Tu és Pedro”. Se não
está um estaria outro; sempre estará alguém a liderar. No nosso caso concreto,
a palavra mais indicada é “servir”, sim, servir. O tempo Pascal é tempo de
renovação e esperança e a Páscoa de 2013 foi especial, pois Deus nos deu o
Papa, o servo Francisco. É o bispo da Igreja de Roma que “preside na caridade
as demais” dioceses. E o homem vem despertando consciências, sobretudo pelos
gestos simples, talvez simples demais para um mundo “que se acha”!
Aqui na Praia, no
Domingo de Ramos, 24 de Março passado, o Pe. João Augusto, pároco de Nossa
Senhora da Graça, anunciava que a Capelania de Sagrado Coração de Jesus, com
sede em Vila Nova, seria elevada a categoria de paróquia no dia 07 de Junho de
2013, juntando assim às demais paróquias na Cidade da Praia, Nossa senhora da
Graça, Nossa Senhora do Socorro, Imaculada Conceição, e São Paulo Apostolo.
Terá o Papa
Francisco precipitado / inspirado a decisão de nos transformar em paróquia já?
Não sei, mas o recado já estava dado. “A Igreja é chamada a sair de si mesma e
ir para as periferias”, refere o manuscrito do agora Papa partilhado com
Ortega, Cardeal Cubano por ocasião das congregações gerais.
E a nossa
paróquia terá sua sede na periferia, na Praia norte, pois a Igreja é chamada a
“sair” ao encontro dos outros para levar a luz e a alegria da fé. Mas como
sair? Sair sempre, com o amor e a ternura de Deus, no respeito e na paciência.
O que é original
é o facto de o Papa frisar bem este aspecto “ir às periferias” através das suas
palavras, que até agora dirigiu ao mundo e à Igreja, à Igreja de Roma em
particular, e também através da sua postura física, do seu comportamento como
pessoa junto dos outros. Francisco, o original de Assis, após ter beijado o
leproso, figura ultra- excluída no princípio do primeiro milénio, por força da
descrição que vem no livro do Êxodo, saiu com um estonteante “o que era amargo
tornou se doce”. Na linguagem de hoje, street hoje já não causa tanto estigma,
tanta repulsa. As madames e monsieurs de lado lá gossi
teni língua afinado tambe!
E o nosso Pároco
virá morar connosco. Morar na street mas pensamento de palácio? Não! Mais do
que isso! Sentir com a gente, como Jesus que ao ver a multidão “sentiu
compaixão” pois eram como ovelhas sem pastor. Streetando, para ficar e
significar claro que nu tem prakenha, nu
tem ki ten! O papa Francisco exortou “cheirar a ovelhas!”
É que na street a
interacção é mas previsível…o humanismo ainda é mais presente. Desafiamo-nos
ser comunidade! Aqui também temos direito a uma vida boa, que não é
necessariamente uma boa vida. E a bondade de coração se apresenta como o
caminho a percorrer! Nu vive manos!
Na street, as
palavras proferidas pelo Francisco, o Papa,
no Instituto Penal para os
Menores de Casal del Marmo, “também vocês, ajudem-se, ajudem-se sempre. Um ao
outro. E assim, nos ajudando mutuamente, faremos o bem" parece
directamente a nós dirigidas. Pois encontramo-nos não poucas vezes, em nossas
prisões. As que nos impomos e as que nos impuseram e impõem, e ki nu ka reia dianti di-el!
Numa visita
recente a uma paróquia romana o Santo Padre lembrou que “ a realidade completa
entende-se melhor não a partir do centro, mas das periferias” em resposta a
introdução da comunidade visitada que dizia que “periferia tem um sentido
negativo mas também positivo”. Lembro tantas vezes que doutores vem a Safende e
são lhes explicados coisas triviais a partir da observação e percebemos que
atónitos balbuciam ya é sime, nhos tem
razon!
E a nossa
celebração-mor será a celebração dominical do dia 09 de Junho de 2013, no
Sagrado Coração de Jesus, na VN, dizia os rappers na ghetto. E seremos livres,
pois “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”! e teremos uma grande
ajuda, porque “nos paroquia e di street e nos pároco sta bem mora ku nos! Tudu
alguém ta sabi, si nhos ama cumpanhero,
ya Jesus!”
Só tenho que
desejar a paróquia Sagrado Coração de Jesus de Vila Nova, seus fiéis e seu
pároco, vida longa!
Dino