Enviar-te 35 mensagens durante o dia a dizer que te ama e a perguntar onde estás não é uma prova de amor. É uma prova de que ele é um controlador e que, se tu deixas que ele o faça e não pões um travão a tempo, a coisa só vai ter tendência para piorar ainda mais.
Fazer-te
perguntas sobre dinheiro não é indício de estar atento aos tempos difíceis em
que vivemos, e reflexo de uma educação de poupança. Falar muitas vezes disso
indica, isso sim, que um dia ele vai querer controlar o teu dinheiro. Aliás, se
dependesse dele, era ele que geria já a tua mesada. Quanto gastas. Quando
gastas. Em que gastas. Quando deres por ti, estarás a pedir-lhe autorização
para comprar coisas para ti.
Pedir
a password do teu e-mail ou da tua conta de Facebook não é sinal de que vocês
nada têm a esconder um do outro. Não é sinal de que, entre vocês, tudo é um
livro aberto. Mesmo que ele insista em dar-te a password dele. Isso é um sinal
de desconfiança permanente. E um passo grande para o fim da tua privacidade.
Sabes o que é privacidade, certo?
É uma zona tua, onde mais ninguém entra. A não ser que tu queiras.
Os
comentários sobre a roupa que usas ou o
novo corte de cabelo não revelam um ciuminho saudável. Revelam que é ciumento.
Ponto. Pouco lhe importa se tu gostas daquele top, daqueles calções ou daquelas
calças apertadas. Entre os argumentos usados, talvez ele diga que já não
precisas de te vestir assim, porque isso atrai a atenção de outros rapazes e tu
já tens namorado. Se não fores capaz de lhe dizer, na altura, que te vestes
assim porque te apetece, não para lhe agradar, pensa que este é o mesmo
princípio que leva muitas sociedades a obrigar as mulheres a usar burka...
Não é exagero. Controlar o que tu vestes é exatamente a mesma coisa.
Perguntar-te
a toda a hora quem é que te telefonou ou ver o teu telemóvel, à procura das
chamadas feitas e atendidas e das mensagens enviadas e recebidas não é um
reflexo de pequeno ciúme. É um sinal de grande insegurança. Faças tu o que
fizeres, dês tu as provas de amor que deres (na tua idade, o amor ainda tem
muito para rolar, mas tu perceberás isso com o tempo), ele sentirá sempre que é
pouco. E vai querer mais, e mais. E tu terás cada vez menos e menos.
Apertar-te
o braço com mais força num dia em que se chatearam e lhe passou qualquer coisa
má pela cabeça não é um caso isolado e uma coisa que devas minimizar porque ele
estava nervoso. Aconteceu daquela vez e é muito, muito, muito provável que
volte a acontecer. Um dia ele estará mais nervoso. E a marca no teu braço será
maior. E mesmo que ele «nunca tenha encostado um dedo» em ti, a violência
psicológica pode ser tão ou mais grave do que a física.
Gostar
de ti mas não gostar de estar com os teus amigos não é amor. É controlo. E é
errado. O isolamento social é terrível.Continuar a telefonar-te insistentemente
depois de tu teres dito que queres acabar a relação, ou encher-te o telemóvel
com mensagens a pregar o amor eterno, não significa que ele esteja a sofrer
muito. Significa, sim, uma frustração em lidar com a rejeição. E se pensares em
voltar para ele, pensa que da próxima vez que isso acontecer ele vai
telefonar-te mais vezes. E enviar-te mais mensagens.
Guardares
estas coisas para ti não é um sintoma da tua timidez. Não quer dizer que sejas
reservada. É uma estratégia de defesa tua. E um pouco de vergonha, à mistura,
não é? E que tal partilhares isso? Ficarias espantada com a quantidade de
amigas tuas que passam por situações semelhantes.