Participei na
mesa redonda intitulada diálogo Inter-geracional no quadro do fórum Amílcar
Cabral 2013. A minha responsabilidade era junto com mais alguns jovens fazer
uma intervenção inicial de 05 minutos ao lado de jovens de outrora, geração
daqueles combatentes pela liberdade.
Era uma grande
responsabilidade…e na linha daquilo que pregamos na street, microfone é poder,
é oportunidade, não podemos negligenciar ou desperdiçar! Era o dia 20 de
janeiro e após cumprir meu compromisso de falar da fé católica aos adolescentes
do meu bairro na catequese, naquele dia em que o assunto era o discurso de
Jesus “felizes os construtores da paz!”, o que significa hoje?, dirige a casa
do povo - pelo menos em tese, para dar meu contributo, responder a um chamado!
Como o que me
caracteriza tentei driblar entre a brincadeira e a seriedade ou aquilo que
aprendi desde os meu tempos de estudante liceal, na Escola Técnica da Praia em
que brincava serio com os contínuos responsáveis na escola, “odja casa de banho
tem ki sta abertu mesmo que alguns alunos ka ta usal convenientemente ou nu ta
bloqueia casa banho de direcção e de professores!” naquela voz firme.
Na minha
intervenção propus que nos considerássemos manos e manas e introduzi alguns
elementos para reflexão: i) o maior inimigo dos jovens é uma juventude
alienada; os jovens precisam da experiencia dos mais jovens; a irreverência é
condição sine qua non para ser se jovem; coragem e responsabilidade serão dois
dos requisitos muito necessários ao jovem de hoje;
Depois desse exercício
ouvi atentamente os demais jovens, os jovens de outrora e também a plateia. A
cantiga de costume do tempo limitado para o debate foi cantada uma vez mais. Apesar
disso houve algumas intervenções, dentro do possível. Mesmo parecendo, não
eramos de igual para igual pois alguns teriam direito a mais minutos do que
outros!
No final entre os
sorrisos e o networking, olhei os olhos de alguns e agradeci sinceramente a
oportunidade para um dos organizadores, sai serenamente do local enquanto
conversava com um jovem que ao me dizer “força jovem” despedindo respondi lhe “acção
e humildade nes 2013 mano, amor ki ta venci”.
Na mesma noite
quis partilhar comigo mesmo as inquietações e ideias que iam surgindo mas
decide não partilhar, dar tempo suficiente para afastar-me emocionalmente do
ambiente criado.
Hoje muitos dias passados, tempo suficiente para reflectir eis que partilho, já fruto
de uma ponderação mais serena e um entendimento melhor do assunto algumas
constatações:
· Os
jovens quando podem fazer mais e melhor para a juventude já não são jovens (ou
tão jovens!)
·
É
necessário apostar a nossa formação / educação na vertente comunicação, pois
hoje mais do que saber é preciso saber comunicar!
· É
necessário que os jovens tenham uma advocacia própria competente e engajada
com a causa da juventude! Quem defende os jovens!?
Senti na pele que
a nossa idade nos trai! Sozinhos não somos capazes de nos defender, nos
proteger convenientemente!
Naquela
conferencia antes daquela mesa redonda pelo tema que escolhi estive sempre na
mesma sala que o Sr. Victor Borges. Chamou-me atenção pela forma como colocava
as suas questões, a sua intervenção. Para mim ficou claro que dificilmente
farei uma intervenção dessa natureza antes de atingir a idade dele. A sua
capacidade de leitura só foi ganha pela experiencia vivida. Sem desmerecer a
sua capacidade pessoal ou os estudos que ele fez. Logo no inicio da conferencia
tive também o privilégio de ter uma entrevista com o Sr. Corsino Tolentino. A
desenvoltura que ele apresenta mesmo quando confrontado com uma questão assim
de resposta mais difícil só é explicada muito bem pela cor grisalha dos seus
cabelos, pelos dias em que viu o sol nascer e se pôr!
Estou muito
convicto de que a juventude por si só não conseguirá se bater e explorar toda a
sua potencialidade. Parece-me que isto seja igual a um grande gestor. Só se é
com o passar dos tempos!
Não creio
desafiar o tempo e negar casos raros! Pode ate ser possível que apareça alguns
poucos pouquíssimos mas em condições normais quando o jovem está apto para
defender a juventude como “il faut” ele já estará menos jovem…
Quem protege e
defende os jovens, de verdade?! Não os gastados discursos “os jovens são o
futuro e mais bla bla bla bla” que não são efectivos e que são na maioria das
vezes poesia que não tem muito de poesia!
Dino