Confira uma pequena entrevista com Dino no âmbito deste mês da Juventude
1 - Como é ser jovem hoje, em Cabo Verde?
Ser jovem
hoje em Cabo Verde e no mundo é algo maravilhoso. É sempre desafiante ser jovem
pela beleza e até alguma ilusão que a juventude em si carrega mas também pela
responsabilidade ou irresponsabilidade atribuída, assumida omitida aos/pelos
jovens. Enquanto jovem ainda temos vivo o entendimento do “querer é poder” algo
que não é tao presente quando se é criança ou se é adulto. E isto é
maravilhoso. É superficial, mesmo é tentador a proposta de dizer que ser jovem
hoje em Cabo Verde é melhor ou pior, fácil ou complicado. Todavia as coisas
fáceis não são sempre mais adequadas ou justas. Ser jovem hoje ou como sempre é
desafiante. E os desafios diferirão dos de ontem e dos do amanha. Mas também os
instrumentos e os meios são diferentes. Temos vários “seres” jovem em Cabo
Verde. Meu ser jovem tem sido, agradecido á geração anterior, tentar assumir
que posso deixar um Cabo Verde melhor para a geração vindoura, com as
oportunidades que pude ter e ou criar pensando global e agindo local e
desafiando o agir global pensando local. Escolhi escapar das drogas e do álcool
e escapar de ter uma família espontânea apostando tudo na minha capacitação
pessoal e profissional, contando com muitos amigos.
2- Como tu vês a juventude cabo-verdiana no
momento, face aos desafios do país e do mundo?
Como referi
anteriormente nossa juventude é heterogénea. Poderia falar de uma pequena parte
que vem assumindo e enfrentando com algum sucesso os muitos desafios que se
colocam ao país ou ainda falar de uma parte grande que leva sua vida normal que
estuda e ou trabalha e que é formada – ao menos bem informada. Mas meu foco tem
sido aquela juventude que foi algo exterminada na década 2004/2014, seja os que
vão jazem no cemitério, os que vão ter que refazer as suas vidas depois da
prisão e alguns ainda que eventualmente ficam incapacitados física e
psicologicamente para toda a vida, vítimas da violência quiçá “gratuita”! E
vejo aqui uma juventude triste. Estatísticas podem dizer que é uma pequena
minoria mas a maioria é ou tem sido irrelevante ante este extermínio. Não posso
deixar de pensar nessa juventude que não pudemos salvar e que por acções ou omissões
o país deixou cair. E tristemente temos ainda potenciais jovens a fazer esta
estrada. Fica-me sempre aquele sentimento de que as “juventudes” pelo menos
fazendo valer o seu peso numérico em Cabo Verde, poderiam fazer mais face a
nossa realidade. Se demanda mais e melhor capacitação é outro debate.
Permita-me
aproveitar e não falar do desafio do desemprego pois é sabido. E não é que
“Trabalho significa dignidade, trabalho significa levar o pão para casa,
trabalho significa amar!” como dizia Papa Francisco? Ou falar da Justiça, ao
menos sentimento/percepção de injustiça. Sabemos que a justiça é condição sine
qua non para termos a paz. Aliás a paz é fruto da justiça. Sonho então que
o maior desafio que se põe aos jovens é talvez o desafio de ser jovem, que
passa por ter razões de viver e esperar feliz! É tarefa de todos, cada um na
sua dose, trabalhar para que que os jovens de hoje em Cabo Verde tenham tais
razões.
4 - Os jovens de hoje, em CV, têm causas?
Olha, em algumas situações podemos tristemente constatar que o país e
os jovens estão desencontrados…muitos direitos e deveres dos jovens
constitucionalmente consagradas ainda insistem em ser distantes possibilidades.
Esses direitos deveres poderiam constituir grandes causas. Podemos ver pequenos sinais,
dependendo do ponto em que estamos situados. Podemos ver lutas por causas desde
o básico, que é conseguir alimentar-se para sobreviver, passando pelo
desenvolvimento comunitário até ambição política/liderança do país! A meu ver,
mais de uma perspectiva quase individualista. Minha impressão é que podemos
aumentar muito nosso inconformismo organizado e capaz de sacrifícios
importantes para o bem comum. Lembre que a insatisfação, primeiro pessoal, é
primeiro ingrediente para sonhar e realizar causas e melhoria colectiva.
Asseguro-lhe que minha convicção profunda, baseando na minha vivência jovem com
alguns jovens é que os jovens CV tem grandes potencialidades ainda inexploradas ombreando com
gritantes défices de criatividade e ousadia das lideranças do país, a vários
níveis, para transformar esta energia, qual pulmão do mundo, em ganhos mais
visíveis, mais efectivos que possam concorrer para uma nação mais feliz e em
paz de consciência.
5 - Que mensagem deixas aos jovens de CV?
Gente, Amor
ki ta vensi! Devemos desafiar colocar amor, mais amor, em tudo. Lembra-me de
Mandela, boa mente e um bom coração! E desafie a pequenas coisas que as grandes
chegarão a seu tempo. Dê bom dia, a próxima pessoa com que cruzar, peça por
favor agradeça genuinamente a pessoa que tiver a sorte de lhe encontrar na
próxima ocasião.