Na minha casa daqui do alto do Bairro de Safende, o bairro amado, a luz do sol abstém-se. Sinto o aproximar dos trovões. De repente, chove, chove, chove muito e chove forte.
Olhando para a janela, e vendo as gotas que descem lentamente regando as plantas, contemplo nelas um desafio para compreendermos a dimensão do mundo.
E lá estava eu, de tanto fascinada com a chegada da chuva, decidi sair e tomar um banho de chuva, há tempos que não sentia aquela sensação, mas nunca esqueci de quão grande a felicidade que os banhos de chuva me proporcionaram. Agora com 22 anos nunca me imaginei que os anos me presenteavam mais um belo banhar. Ela veio molhar a minha pele, curar a minha alma e matar a minha sede. Dizem que a chuva lava a alma. O que digo? É fascinante sentir cada gota, escutar o batuque da chuva nas pedras.
Após sentir a vida na sua intensidade entrei na varanda, quando reparei ao meu redor as ruas, estradas e ribeiras da zona de “Ribeira d agua” bem abaixo da minha casa ficou literalmente debaixo d´água. Vi cenas de ruas alagadas, casas invadidas pelas cheias e carros que até chegaram a boiar, senti um aperto enorme no coração.
Depois de três anos consecutivos de chuvas irregulares e insuficientes para combater a seca no nosso Arquipélago, entretanto no coração dos Cabo-Verdianos sempre reside muita esperança na chegada da água, abundancia...a chuva.
Para muitas famílias a chegada desta chuva não foi muito bom, a água passou fazendo estragos materiais, no jornal da noite ouvi que a cheia até levou vítima fatal na Ribeira Grande de Santiago.
Quando a tempestade passou, o fundo da“ Ribeira d agua ”em Safende que era invisível por olhos de muitos no centro das atenções dos curiosos que deslocavam das suas moradias para ver os danos provocados pelas cheias, destruindo por completo a estrada da terra abatida.
Eunice Marlize
Borges