Helena Carvalho |
Tivemos uma Conversa
muito descontraída com a Sra Helena Carvalho Gestora da Escola EBI de Safende
nos últimos 4 anos, qual convidamo-vos a apreciar. Boa leitura!
SAFENDEONLINE: Mais um ano lectivo que passou, como foi?
HELENA CARVALHO: Foi um ano tranquilo, o balanco é francamente positivo. Obtivemos uma taxa de aprovação de 97%, reprovação baixa e combatemos afincadamente o abandono e tivemos êxito pois o abandono foi zero.
HELENA CARVALHO: Foi um ano tranquilo, o balanco é francamente positivo. Obtivemos uma taxa de aprovação de 97%, reprovação baixa e combatemos afincadamente o abandono e tivemos êxito pois o abandono foi zero.
So: Qual foi o momento mais alto do ano lectivo?
HC: Podemos considerar momentos de actividades extra-curriculares, a 1ª edição do festival NÔS KRIANSAS. A cerimónia de imposição de fitas foi também um momento marcante, pelas emoções provocadas.
HC: Podemos considerar momentos de actividades extra-curriculares, a 1ª edição do festival NÔS KRIANSAS. A cerimónia de imposição de fitas foi também um momento marcante, pelas emoções provocadas.
So: Como caracteriza os nossos alunos?
HC: Temos bons alunos,
apesar das dificuldades socioeconómicas. Enfrentamos os problemas que todas as
escolas enfrentam. Temos alunos que o ambiente familiar, com pais ausentes, é
pouco favorável para o seu desenvolvimento. Alunos que praticamente dependem da escola – em termos de
carinho, de afectividade ou da refeição. Realmente temos alunos que
os pais saem cedo e chegam noite, por isso passam muito tempo na rua e correm risco de
ver tudo aquilo que não devem ver e isto obriga os professores a terem que
desdobrar bastante. Fora isso temos excelentes alunos, ou seja superam com
êxito estas dificuldades.
HC: A relação escola-comunidade sempre pode ser reforçada. Apesar de sermos um bairro com
características especiais, com pais com estilos de vida que pode dificultar o aproximar da escola, sentimos que melhoramos de ano para ano. No início fazíamos
reuniões numa pequena sala, depois mudamos para uma sala maior, hoje realizamos
encontros no pátio pois cada vez registamos mais maior número de pais que respondem positivamente aos convites. Participam nas actividades, existem infelizmente aqueles
que país que precisamos mesmo que venham a escola mas que ainda não vêem, por isso nos obrigam mesmo a deslocar às suas casas.
So: Considera que os pais este ano, foram
presentes?
HC: Sim mas existem
sempre oportunidades de melhorar, cada vez que trazemos mais um pai/mãe para
escola a satisfação é enorme pois seguramente terá impacto no desempenho do
aluno.
So: Os alunos de 6º são especiais. Duplo
sentimento: se transitarem deixarão a escola rumo ao liceu, se reprovarem é
tristeza para a escola…tivemos 100% de aprovação nesse nível, que sentimentos?
HC: Sentimento de missão
cumprida. A fase de 5º e 6º ano é de facto especial. E denotamos muitos
desafios nesses alunos principalmente para os que já tinham experiencia de
reprovação. Pois para estes alunos isso implica que entrem já na fase
de adolescência, com toda a sua complexidade e o risco de abandono é elevado.
Houve caso de uns que tivemos de ir buscar em casa. A nossa preocupação com
abandono foi clara e conseguimos assegurar de facto que todos transitassem com
apoio daquela rede na escola.
So: Falando de rede, a escola tem uma rede de
apoio?
HC: A escola tem uma rede
composta por pessoas jovens da Associação Solidária para Desenvolvimento de
Safende, do Espaco aberto Safende, ex-professores, a Comunidade de Sant´Egidio,
pais e mesmo professores dão aquele mais para escola e somos muito agradecidos
por isso.
So: Em termos de programas/actividades
extracurriculares, o que é que a escola tem?
HC: As condições da
escola neste momento não facilitam muito. Mas nós achamos que actividades curriculares são muito importantes. Apesar de não termos recinto
desportivo, com apoio de um professor motivado, foi possível fazer actividades
desportivas. Nossos alunos tiveram de treinar em Ponta de Agua ou Achada São
Filipe e das nossas participações conseguimos lugares importantes como segundo
lugares e mesmo ganhamos competição. Na escola identificamos alunos com queda para música
ou expressões plásticas…caso tivéssemos espaço para ocupar essas crianças no
período contrário seria algo da salutar. Mesmo que para simples actividades de
pintura, acompanhamento por jovens voluntários que são disponíveis, fazer pequenos trabalhos, oferecer
lanche, evitaríamos que passassem muito tempo a "pasearem" sem orientação.
HC: Olha nós constatamos
alunos que o período contrario é um tempo de alto risco pois deambulam pela
comunidade e vão parar a escola outra vez porque não tem alguém em casa. Então
um grande desafio é ter mais espaços, uma sala de recursos, ou biblioteca onde
poderíamos acolher mais dignamente esses alunos. Outro desafio é que a escola
está próxima de uma ribeira que é muitas vezes transformada em depósito de lixo. Repare que isto é perigoso para a saúde da comunidade educativa toda. Também a
proximidade com a estrada e uma passadeira perto de uma curva é outro desafio e
nos deixa sempre inquietos também pelo comportamento dos condutores nem sempre
dispostos a respeitar. A construção de salas em Alto Safende é um outro importante
desafio pois usamos o centro comunitário mas não oferecem melhores condições e
está em fase avançada de degradação.
So: Quem é a Helena Carvalho?
HC: Sempre uma professora.
A frente da escola, tentei ser uma pessoa aberta a colaborar e trabalhar para melhoria de
Safende.
So: Que sonho, que esperança para o próximo ano?
HC: Que continuemos a
“pegar” todos juntos, que reine a concórdia e espirito de solidariedade…que
sejemos transmitidores de conteúdo e que também formemos os nossos alunos no
humanismo. Que valorizemos cada aluno, especialmente aqueles que tem mais
fragilidades, que não tem oportunidade de ver paz nas suas casas e que
precisamos de falar desta paz. Mantenhamos presente que o futuro de Cabo Verde
esta não mãos destes alunos que estão nas nossa mãos.